sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Ações Confusas, Ideias Sensatas (09/01/15)



Ações Confusas, Ideias Sensatas

            Existem alguns lugares que são esquecidos pelo resto das pessoas. Lugares assim são propensos a gerar personalidades peculiares e, na maioria das vezes, extremamente expansivas. Digo isso porque muitos dos grandes gênios da matemática, da medicina e etc., vieram de lugares quase que intocáveis pelo resto de suas respectivas nações.
            Esses tipos de mentalidades não se limitam apenas à ciência, muito pelo contrário, tais mentes estão mais voltadas para a exclusão de seu meio de convívio do que para as atividades sociais.
            Há cerca de dois anos, um homem chamado Rajid, era mais conhecido como “Sing” (palavra em inglês que significa cantar). Rajid foi encontrado morto em um beco nas ruas de Jacarta, capital da Indonésia. Esse homem era conhecido pela série de homicídios que cometera durante os nove anos em que esteve foragido da prisão.
            Rajid é um exemplo de ser que nasce em meio ao esquecimento. Durante toda sua vida, Rajid foi obrigado a conviver com as péssimas condições de vida e de sobrevivência. Sabemos que a Indonésia não é um país tão desenvolvido, além disso, a taxa de expectativa de vida é baixíssima em relação aos outros países. Porém na cidade de Rajid, esse número não passava dos vinte anos de idade.
            Entre pequenos furtos e infrações, Rajid alternava a sua infância entre reformatórios e trabalho forçado. Sua esperança de que um dia a sua família pudesse melhorar de vida nunca era diminuída. Por esse e outros motivos, Rajid não teve, realmente, uma infância proveitosa. Sem contar as diversas vezes em que o pequeno garoto escapava com sucesso dos reformatórios e das mãos dos policiais locais, até cometer seu primeiro homicídio, ou melhor, seus primeiros homicídios.
            Era uma noite em 1999, Rajid tinha apenas oito anos de idade. Sua família acabara de perder alguém inestimável, o patriarca e conselheiro da família.  O pai de Rajid devia quantias exorbitantes ao governo local, o mesmo governo que cobrava impostos absurdos e que era responsável por uma onda de medo entre os habitantes pelo fato de buscar o pagamento em forma de vidas, não em dinheiro. Não foi diferente com o pai de Rajid. O devedor foi queimado em praça pública por não ter pago as quantias estabelecidas, servindo como exemplo para os demais “escravos”. Aquela cena não provocava tristeza no coração de Rajid.
            Ao ver seu pai sendo queimado lentamente em meio ao choro de seus familiares, Rajid apenas pensava nas verdadeiras causas daquele fato inquestionável. Entre todas as pessoas que estavam presenciando aquela cena de horror, Rajid era o único que se mantinha calmo e extremamente paciente, apenas observando, sem derramar lágrimas ou berrar por misericórdia. Antes de seu pai perder a vida naquela fogueira, Rajid deu a costas e saiu em meio ao tumulto. A manhã veio e Rajid ainda não havia retornado, e foi assim durante todo o dia, sem um único sinal do menino.
            No dia seguinte, Rajid havia retornado à sua casa. Toda vez que Rajid chegava, ele lavava as suas roupas com a água suja de uma pequena lagoa, não só ele, mas todas as donas de casa do vilarejo faziam o mesmo. Entre as sujeiras que carregava consigo, uma delas eram pelos de animais que matava para preparar as refeições de sua família, sejam eles silvestres ou não, e juntamente com o pelo vinha o sangue dos animais. Dessa vez, sua roupa não tinha pelo algum, apenas sangue, e não era pouco.
            A noite foi longa demais. Os gabinetes do governo estavam milagrosamente silenciosos. Sempre que a madrugada precedia a noite, algum zelador ou zeladora passava por lá para fazer a faxina, afinal eles possuíam as chaves de todos os escritórios e salas. Dessa vez era um zelador.
            O simpático homem abriu a porta principal lentamente, entrou, tirou os sapatos e fechou a porta. Caminhou silenciosamente pelas salas e escritórios, esfregando o chão, lustrando os móveis, limpando as paredes e quadros com fotos dos governantes. Entre todas as salas que passou apenas uma estava com as luzes acesas, era a sala do prefeito. O humilde zelador pensou que alguém havia se esquecido de apagá-las, e aquela sala era a única que ele ainda não havia limpado. Procurou pela chave da sala e empurrou-a na fechadura.
            À medida que abria a sala, um odor comum exalava dela. Não era comida nem mesmo o cheiro dos papéis, era algo que ele sentia quando se feria. O cheiro forte tomava conta do espaço e impregnava em tudo que estava em volta. O zelador tampou o nariz e nem mesmo viu o que estava lá dentro, apenas se virou para fechar a porta. Quando se virou para o ambiente, vira uma cena que nunca mais lhe sairia da mente. Eram oito corpos, todos empilhados como se fossem meras sacas de lavagem.
            Os oito corpos estavam cobertos de sangue, não só os corpos, mas as paredes da sala estavam cobertas. A maioria das marcas de sangue nas paredes eram de golpes desferidos com violência espirrando nelas, outras eram marcas de mãos ensanguentadas que pareciam ter se arrastado desesperadamente. Alguns dos corpos estavam sem braços, pernas, ou até mesmo decapitados. Entre as vítimas havia mulheres, e todas elas estavam nuas, enquanto alguns homens estavam nus e outros não. No total eram duas mulheres e seis homens, sendo que quatro deles estavam nus e os restantes vestidos.
            Em meio aquela cena dantesca e horrenda, havia uma pequena mesa redonda no centro da sala. Entre todos os móveis aquele era o mais sujo de sangue, e, além disso, possuía algo escrito:

            “Just sing a song”
            “Apenas cante uma música”

            O zelador, perplexo, leu a frase em um idioma diferente do seu e não entendeu, porém elas significavam muito mais do que “apenas cante uma música”. O homem saiu da sala no mesmo instante, e nem mesmo apagou as luzes. Correu para a delegacia local e descreveu a cena de uma maneira simples e rápida, afinal não queria manter aquilo em sua mente. Os policiais de plantão seguiram o zelador e analisaram o local do massacre.
            Peritos vieram da capital para fazer laudos e elaborar hipóteses, porém elas eram muito óbvias. Segundo um dos peritos, o que foi aceito como mais coerente, os assassinatos se sucederam da seguinte maneira:

            “Suponhamos que o assassino tenha chegado ao local do crime de modo imperceptível. Trazia consigo um punhal afiadíssimo e sua sede por vidas. O assassino escondeu-se até o momento propício. Os oito funcionários, incluindo o prefeito, se encontrariam na sala para discutir algum assunto aleatório, o que não vem ao caso, porém esse assassino não cometeu os crimes de modo consecutivo. Ele esperou a primeira vítima chegar a sala e logo depois desferiu os golpes com o punhal, matando-a, fazendo dessa maneira com os sete restantes. A nudez das mulheres explica a molesta, assim como a nudez dos homens.”

            O perito acertou em apenas um ponto: o assassinato cometido por uma única pessoa, o que era o suficiente para levar alguém à prisão naquela cidade. Tendo isso como base, eles analisaram cada marca deixada pelo assassino, das pegadas ao toque de mãos nuas. Eles não acharam resultado algum, apesar de ter o DNA do assassino.
            A frase na mesa redonda ainda era inexplicável.
            A cidade era pequena, então os policiais fizeram perguntas para cada morador, porém não encontraram resposta para nada. A única casa que eles não visitaram era a de Rajid. A casa de Rajid se localizava em um morro próximo a capela da cidade, um lugar um tanto perigoso para se viver devido aos constantes desabamentos provocados por fortes chuvas na região. Eles entraram na casa após um bom tempo batendo palmas e gritando por alguém, a porta estava apenas encostada. Ao entrar se depararam com uma cena incomum: todos da família estavam sentados e quietos nos sofás e nas cadeiras caindo aos pedaços. Os policiais se perguntaram o porquê de ninguém ter ido atendê-los sendo que estavam todos lá, uma situação realmente suspeita.
            Mesmo os policiais invadindo a casa da estranha família, nenhum deles se manifestava de alguma forma, apenas ficavam olhando para o nada, como se a vida de cada um ali se resumisse em passar os dias e as noites sentados e imóveis. Passaram pela sala e nem se atreveram a perguntar algo.
            Ao fundo da casa havia uma criança brincando, era Rajid. O menino pintava um papel em branco com um giz de cera vermelho, escrevendo algo. O policial aproximou-se e perguntou:

            -O que está desenhando pequenino?
           
Rajid continuou a pintar em diversas direções o papel. O policial não deu muita importância e continuou com outra pergunta:
           
-Sabe de alguma cois...
           
O policial foi interrompido pelo menino assim que Rajid levantou o papel para o seu rosto, dizendo:
           
-Você faz muitas perguntas moço, o que acha de apenas cantar uma música...?
           
            Ambos travaram com a frase do garoto, a mesma frase que estava escrita na mesa redonda estava escrita no desenho dele. No primeiro momento eles hesitaram, porém era algo muito grave para deixar qualquer detalhe passar. Eles interromperam a brincadeira de Rajid e o levaram para a delegacia. Rajid não demonstrou qualquer resistência.
            Os peritos tiraram amostras do DNA de Rajid e compararam várias vezes com as digitais impressas na cena do crime, sendo que cada uma delas tinha apenas um resultado; Rajid era o tão procurado assassino.
            Era inaceitável para eles encaixar Rajid como o autor de um crime tão bárbaro, crime que envolvia estupro, tortura e esquartejamento. Tempos depois, as investigações chegaram a conclusão de que Rajid forçara os homens a abusar das duas mulheres, sendo que dois deles não participaram da orgia. Apesar de ser apenas uma criança com oito anos de idade, o menino foi levado para uma prisão de segurança máxima dessa vez, não para um simples reformatório. Mandá-lo para o reformatório seria como mandá-lo para o céu depois de ter blasfemado contra Deus.  
            A sua ida para uma prisão não significava absolutamente nada, afinal já estava acostumado a estar separado da sociedade.
As condições de convivência daquele lugar excediam as características de sua cidade. Para todo lado que direcionássemos nossa visão, identificaríamos insetos de todos os tipos, além das ratazanas e das doenças que se contrariava naquele lugar. O cheiro insuportável da urina misturava-se com o cheiro dos detentos que se encontravam aglomerados em cada uma das celas. Em pelo menos um dia se tinha duas ou três mortes, o que sempre abria espaço para cinco ou seis detentos. As visitas eram proibidas para a segurança da população e principalmente, para a segurança das mulheres, afinal muitas eram estupradas e torturadas até a morte pelos próprios detentos.
Os detentos em sua necessidade sexual insaciável faziam dos mais jovens seus brinquedinhos. Com Rajid não teve exceções. O menino era molestado todos os dias, e, além disso, seu corpo definhava a cada hora que passava ali. A alimentação era escassa e pouco nutritiva, o que fazia com que a prisão fosse apenas mais um buraco sujo, onde se jogam vermes para brigar e cometer canibalismo.
Após cinco meses no inferno, Rajid perdeu sua consciência totalmente. A sua mentalidade assassina alcançou níveis extremos, bem piores do que no seu primeiro ato sádico. Todos os homens que o molestavam começaram a ser mortos de alguma forma. Alguns eram encurralados pelo garoto em becos escuros e perdiam suas cabeças, outros tinham seus órgãos genitais decepados e logo depois eram esquartejados. A partir desse momento, Rajid matara os detentos e logo depois fizera de sua carne seu alimento diário. Aos poucos os assassinatos absurdos chegavam aos ouvidos dos outros confinados, fazendo com que o respeito por Rajid aumentasse, porém ainda havia homens que tentavam estuprá-lo. Todos os que tentaram ou que fizeram de Rajid um brinquedo sexual estavam todos apodrecendo pelas celas, mortos de forma brutal e demoníaca.
Em todos os seus assassinatos, Rajid costumava cantar alguma música. Ele gostava muito das músicas em inglês, principalmente das músicas dos Beatles. Seus feitos finalmente chegaram aos ouvidos da administração da penitenciária, logo foi mandado para o lugar mais sombrio e amaldiçoado daquele lugar, a “solitária”.
A “solitária” tinha esse nome, porém ela estava lotada por presos realmente perigosos, uma consideração feita apenas a genocidas. Um cubículo fétido, repleto de riscos nas paredes, normalmente feitos com unhas ou dentes. O lugar nunca era limpo por alguém, pelo contrário, a sujeira mantida era totalmente proposital. As paredes e o chão estavam cobertos por sêmem, sangue, fluidos e sobras de necessidades fisiológicas deixadas peles presos. Os confinados não tinham direito à comida e nem mesmo contato com o resto da prisão, ficavam ali por tempo indeterminado. O único contato que faziam era quando a porta era aberta para a chegada de mais um condenado. Quem fosse lançado á “solitária” estava certo de que morreria da pior forma possível.
A porta de metal abriu-se e liberou um dos odores mais fétidos e asquerosos do mundo. O jovem Rajid caminhou lentamente até a entrada da sala, sem se importar com o cheiro ou com os presos que o chamavam, prontos para tentar molestá-lo. Ele entrou e foi coberto por uma nuvem de braços imundos e feridos. A porta foi fechada para a criação de uma mente satânica.
Cerca de dois meses se passaram e a “solitária” ainda não tinha sido aberta. Era perigoso até mesmo para os policias que andavam armados até os dentes. Eles não tinham a mínima ideia do que estava acontecendo ali, naquele cubículo moldado pelas mãos de Lúcifer.
Após alguns dias, os gritos que ecoavam pelas celas próximas á “solitária” foram cessados. Ao invés de gritos, ouvia-se uma voz de criança, parecia estar cantando uma música dos Beatles:

            Cellophane flowers of yellow and green
            Towering over your head
            Look for the girl with the sun in her eyes
            And she’s gone
           
            Enquanto Rajid cantava, os presos tinham a atenção voltada apenas para a sua voz. O detendo mais sádico daquela penitenciária, estava agora cantando uma das músicas mais lindas dos Beatles.

Lucy in the sky with diamonds
            Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the…

Quando ia terminar o refrão, Rajid foi interrompido pelo barulho da porta de metal abrindo-se. Um dos policiais acendeu sua lanterna e observou o lugar, tendo um choque na alma.
Havia cerca de vinte corpos espalhados pelo cubículo. Alguns já estavam em estado de decomposição, outros estavam mortos há pouco tempo. Todos os corpos possuíam mordidas ou cortes profundos. Rajid mantinha seus olhos fixos para o policial perplexo. Havia algo escrito com sangue na parede atrás de Rajid:

            “Sing with me, my love”
            “Cante comigo, meu amor”

            A mente de Rajid era realmente um quebra-cabeça. Pensamentos e ações tão sádicas e obscuras, porém ainda existia a palavra “amor” em seu vocabulário. Rajid ainda não se esquecera dos momentos que teve com seu pai, por mais que muitos desses momentos não fossem tão perfeitos, ele ainda conseguia alcançar o sentimento da felicidade caminhando com ele.
            Rajid e seu pai gostavam de cantar durante as tardes naquela cidade tão vazia e cheia de perigos, era um momento individual para Rajid, mas acabava tornando-se algo em família.
            O garoto abaixou o olhar para o carcereiro, perdeu o controle sobre os seus sentidos e desmaiou, entrando em coma por dois anos.
            Quando acordou do sono profundo, Rajid perdera todas as suas memórias sobre sua família, sua cidade e o seu ser. Não estava interessado em saber quem era, muito menos saber quem estava envolvido com seu passado.
A única coisa que Rajid tinha em sua mente era o desejo por sangue, o desejo de pela carne humana. Ele queria sentir prazer apenas machucando as pessoas, não queria saber de coisas como sexo ou drogas, ele queria alimentar-se da dor alheia. Não fazia conta por comida e muito menos por vestimentas. Desde o dia em que matou os oito funcionários do governo, Rajid nunca abriu mão de sua faca de cozinha, com a qual matara todos até aquele momento, nem mesmo estando sob observação no coma conseguiram apreendê-la. O garoto matou as enfermeiras, médicos e guardas que estavam por ali, todos por decapitação.
Saiu de lá com a mesma roupa com a qual desmaiou e que o vestiu durante o coma. Os portões de entrada da penitenciária era o seu portão de saída. Com a faca na cintura, Rajid correu por entre as guaritas e matou cada guarda vigilante, desde os snipers até os que ficavam à paisana. Abriu o portão com a sua força de menino e estava entregue ao mundo.
Andou vários quilômetros desorientadamente, sem saber para onde ia ou onde iria descansar, ele queria apenas saciar sua vontade inumana. As estradas não pareciam ter fim, pela primeira vez em sua vida Rajid fazia contato com o mundo exterior, porém sua vontade de matar excluía sua curiosidade por esse novo mundo.
A penitenciária ficava apenas a alguns quilômetros da capital Jacarta. Ao andar sem saber para onde ia, seus instintos inclinados para o assassinato detectavam algo grande. O movimento dos carros se tornava cada vez mais intenso. As largas pistas começavam a ter ramificações. As estradas de terra começaram a se tornar pavimentadas e a movimentação das pessoas nunca foi tão frenética aos seus olhos tão desacostumados.
A capital da Indonésia assemelha-se com os centros comerciais indianos: movimentados, pouco organizados e, na maioria dos estabelecimentos e edificações, com ambiente insalubre e bastante precário. Roupas, comidas, utensílios, móveis, imóveis, tudo isso era negociado, trocado, vendido. O ambiente capitalista em uma nação pouco desenvolvida tende a tomar proporções exageradamente desorganizadas. Rajid, um garoto de apenas onze anos de idade foi obrigado a conviver com isso. Seus impulsos assassinos adormeceram frente à ganância do homem para lucrar cada vez mais. Aquela situação onde pessoas vendem tudo o que tem para garantir seu sustento não era incomum para Rajid, porém ele não se lembrava de nada sobre isso em sua vida.
Era bem mais difícil isolar-se de uma sociedade que não conseguia parar de se movimentar. As noites regadas de luxúria, prostituição, drogas, álcool e outras coisas pecaminosas se tornaram cenas insuportáveis para a sua mente tão complexa. Rajid tentava fugir desse tipo de coisa, porém uma formiga perdida em meio a predadores sabe que é inútil tentar escapar. Para todo lado que Rajid se dirigia, ele era aliciado de alguma forma.
Logo descobriu que o mundo não passa de uma corrente de coisas boas em sua superfície, porém as coisas más do mundo são as ligações dessas correntes. A vida na cadeia, inconcebível pelo restante do mundo não se comparava com a vida “livre” que as pessoas achavam ter quando tragavam um cigarro de maconha ou algo similar. Sua cabeça foi entupida por ideias falsas, normalmente vindas de pessoas falsas e sem escrúpulos. Os momentos em que decepava os detentos eram bem melhores do que os momentos em que passava inalando a fumaça de um “baseado”.
Rajid foi definhando ainda mais. Não comia absolutamente nada, tudo o que tinha eram as drogas oferecidas nas diferentes ruas pelas quais passava. Conheceu o sexo entre seres de sexos distintos e transou com uma mulher pela primeira vez, afinal apenas fora molestado por homens. A mulher era uma prostituta que apenas aceitou o garoto em troca de um cigarro semi-tragado.
Contraiu várias doenças, piorando ainda mais sua saúde que já estava perdida. Quando matava, tinha como único objetivo conseguir mais e mais do que o mundo lhe oferecia, não matava mais por prazer.
Ao completar vinte anos, Rajid passara nove anos de sua vida perambulando pelas ruas de Jacarta, procurando por drogas, bebidas e sexo fácil. Apesar desse destino tão comum em nosso dia-a-dia, Rajid não se esquecera do seu gosto por cantar. Quando andava embriagado ou sob o efeito das drogas, Rajid cantava músicas, não só dos Beatles, mas de diversas bandas que ouvia nos carros e nos autofalantes que o cercavam. Por esse motivo, as pessoas que o conheciam o chamavam de “Sing”.
Cometera homicídios, porém nunca eram feitas denúncias, afinal as vítimas eram drogados ou traficantes. A polícia só localizou Rajid em 2011, caído em um beco qualquer pelas ruas de Jacarta, vítima de uma overdose.
Um assassino que cultivou sua mente em ambientes separados do resto do mundo, possuía ideias sensatas e tinha um pouco de amor em seu coração, mas que sucumbiu às seduções infalíveis para qualquer mal informado.




Por: Anderson Vieira do Nascimento

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