sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Quatro minutos e meio (10/01/15)



Quatro minutos e meio

            Digamos que seja bastante simples contar os minutos quando não se tem nada para fazer. Olhar para o relógio e acompanhar o movimento monótono dos ponteiros podem ser apenas métodos para a fuga da ociosidade, apesar de ser bastante tedioso. Entretanto, existem ocasiões em nossas vidas em que o tempo se torna um obstáculo difícil para se conformar.
O tempo é uma das poucas coisas que regem o nosso mundo de uma maneira física e espiritual, se é que o leitor assim pode interpretar. O tempo detém o poder absoluto sobre todas as vidas do nosso planeta, até mesmo a morte. O que era belo tornou-se algo antiquado e pouco adaptável aos nossos desejos, e inevitavelmente, as coisas das quais necessitamos hoje, um dia serão descartadas por nossos netos e bisnetos. As nossas decisões que obviamente influenciam o nosso destino também são regidas pelo maestro do presente, passado e futuro. Os pensamentos, as ideologias e principalmente a evolução desses processos convergem para o inimigo declarado da pressa.
Eu gostaria de deixar clara essa ideia de tempo justamente para melhor explicar que bastam poucos segundos para mudar uma vida. A espera de uma pessoa por algo se torna difícil à medida que os seus alvos se distanciam. Muitas vezes dependemos das pessoas para realizar algo, e sem ela não é possível tornar a espera algo mais prazeroso e produtivo. Um passo executado de maneira solitária pode ser uma ação boa ou ruim, tendo como base o princípio de que cada passo toma um determinado tempo. Porém, um passo que é auxiliado se torna confortável. As feridas que são adquiridas durante uma longa batalha se tornam suportáveis e a esperança se renova a cada dia, desde que seja íntegro ao tempo e a si.
Existem determinadas informações que chegam ao nosso cérebro, e de uma maneira inexplicável não conseguem sair, ou melhor, não conseguimos esquecer. Existem períodos de tempo para que essas informações possam fixar-se, dependendo da velocidade que o nosso raciocínio se “movimenta”. Dentre os períodos, quatro minutos e meio é o bastante para tornar notas musicais em sons inesquecíveis, ou que pelo menos são identificáveis à primeira vista posteriormente.
Quando esses quatro minutos e meio começam a ser contados, as notas musicais iniciam-se e, de uma maneira espontânea, as pessoas levantam-se e contemplam o que vem a ser realizado. O tempo, para quem protagoniza esse tipo de ocasião, torna-se cada vez mais penoso e interminável. Porém, quando os quatro minutos e meio começam a ser contados, esse tempo torna-se desprezível. Os pensamentos negativos originados pela impaciência inevitável tornam-se positivos quando os passos começam a vir, um a um.
Esses passos são executados de uma maneira solitária, entretanto, o sentido da palavra “solitário” torna-se positivo, uma boa ação. O que acontece durante os quatro minutos e meio não há como esquecer, não apenas pela música, mas pelo símbolo que é extraído de todos os pensamentos reunidos em um só quando ela começa a caminhar a passos lentos, porém carregados de alegria e expectativa. A frase que passa por nossas mentes é: “Ela está linda”.
Como alguém que não pode mais esperar, ele olha em seu relógio de pulso, não para gastar o próprio tempo e sim para iniciar a contagem dos quatro minutos e meio. Os passos solitários são vistos com sorrisos silenciosos, ecoando divinamente a cada toque do violino afinadíssimo.
Os quatro minutos e meio estão no seu fim. Os passos cessam e os olhares nervosos, ao mesmo tempo sensíveis, são trocados de maneira avassaladora para cada ser ali presente. As notas finais são dadas e, para o alívio completo de todos, ela finalmente declara o último tom para fechar a orquestra da vida. Ela apenas disse “sim”.



Por: Anderson Vieira do Nascimento

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