Quatro
minutos e meio
Digamos que seja bastante simples contar os minutos
quando não se tem nada para fazer. Olhar para o relógio e acompanhar o
movimento monótono dos ponteiros podem ser apenas métodos para a fuga da
ociosidade, apesar de ser bastante tedioso. Entretanto, existem ocasiões em
nossas vidas em que o tempo se torna um obstáculo difícil para se conformar.
O
tempo é uma das poucas coisas que regem o nosso mundo de uma maneira física e
espiritual, se é que o leitor assim pode interpretar. O tempo detém o poder
absoluto sobre todas as vidas do nosso planeta, até mesmo a morte. O que era
belo tornou-se algo antiquado e pouco adaptável aos nossos desejos, e
inevitavelmente, as coisas das quais necessitamos hoje, um dia serão
descartadas por nossos netos e bisnetos. As nossas decisões que obviamente
influenciam o nosso destino também são regidas pelo maestro do presente,
passado e futuro. Os pensamentos, as ideologias e principalmente a evolução
desses processos convergem para o inimigo declarado da pressa.
Eu
gostaria de deixar clara essa ideia de tempo justamente para melhor explicar
que bastam poucos segundos para mudar uma vida. A espera de uma pessoa por algo
se torna difícil à medida que os seus alvos se distanciam. Muitas vezes
dependemos das pessoas para realizar algo, e sem ela não é possível tornar a
espera algo mais prazeroso e produtivo. Um passo executado de maneira solitária
pode ser uma ação boa ou ruim, tendo como base o princípio de que cada passo
toma um determinado tempo. Porém, um passo que é auxiliado se torna
confortável. As feridas que são adquiridas durante uma longa batalha se tornam
suportáveis e a esperança se renova a cada dia, desde que seja íntegro ao tempo
e a si.
Existem
determinadas informações que chegam ao nosso cérebro, e de uma maneira inexplicável
não conseguem sair, ou melhor, não conseguimos esquecer. Existem períodos de
tempo para que essas informações possam fixar-se, dependendo da velocidade que
o nosso raciocínio se “movimenta”. Dentre os períodos, quatro minutos e meio é
o bastante para tornar notas musicais em sons inesquecíveis, ou que pelo menos
são identificáveis à primeira vista posteriormente.
Quando
esses quatro minutos e meio começam a ser contados, as notas musicais
iniciam-se e, de uma maneira espontânea, as pessoas levantam-se e contemplam o
que vem a ser realizado. O tempo, para quem protagoniza esse tipo de ocasião,
torna-se cada vez mais penoso e interminável. Porém, quando os quatro minutos e
meio começam a ser contados, esse tempo torna-se desprezível. Os pensamentos
negativos originados pela impaciência inevitável tornam-se positivos quando os
passos começam a vir, um a um.
Esses
passos são executados de uma maneira solitária, entretanto, o sentido da
palavra “solitário” torna-se positivo, uma boa ação. O que acontece durante os
quatro minutos e meio não há como esquecer, não apenas pela música, mas pelo
símbolo que é extraído de todos os pensamentos reunidos em um só quando ela
começa a caminhar a passos lentos, porém carregados de alegria e expectativa. A
frase que passa por nossas mentes é: “Ela está linda”.
Como
alguém que não pode mais esperar, ele olha em seu relógio de pulso, não para
gastar o próprio tempo e sim para iniciar a contagem dos quatro minutos e meio.
Os passos solitários são vistos com sorrisos silenciosos, ecoando divinamente a
cada toque do violino afinadíssimo.
Os
quatro minutos e meio estão no seu fim. Os passos cessam e os olhares nervosos,
ao mesmo tempo sensíveis, são trocados de maneira avassaladora para cada ser
ali presente. As notas finais são dadas e, para o alívio completo de todos, ela
finalmente declara o último tom para fechar a orquestra da vida. Ela apenas
disse “sim”.
Por:
Anderson Vieira do Nascimento
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