Cabaret
Dançar
é viver! Quantas e quantas vezes, as pessoas que conhecemos nos indagam sobre a
importância de tal expressão corporal. Em certos casos, dançar pode ser uma
fonte de sobrevivência, que por sinal, é uma ótima fonte de alegria.
Quem
melhor para traduzir essa virtude, do que um dos maiores símbolos sexuais de
toda a história da humanidade, as dançarinas de Cancan!? Simplesmente ninguém! A França sempre foi um lugar de
muita polêmica, principalmente pelas ações de sua população, onde surgiram
muitos romances peculiares e paixões mal resolvidas que quase sempre terminaram
em tragédias entre triângulos amorosos, porém, tudo se contradiz no paraíso
parisiense, o aclamado e tão procurado Moulin
Rouge.
O
Moulin Rouge era o cabaré mais
cobiçado pela parte masculina da França, onde o desestresse era garantido por divas de silhuetas e protuberâncias fora do
comum, capazes de enlouquecer qualquer mente pura! Às luzes intensas da Eiffel, as ruelas e becos se tornavam
palcos de luxúria e lascívia, era praticamente impossível desviar os olhos e
não perceber um casal apaixonado que sempre ultrapassava os limites da
promiscuidade. Os cabarés não ficavam para trás. Ao contrário de muitas
localidades parisienses, os cabarés eram incrivelmente higienizados, as pessoas
entravam para se divertir e saíam mais que satisfeitas, com aquele gostinho de
“quero mais disso, mas não tenho dinheiro...”.
Poucas
pessoas iam à Paris para procurar emprego, porém, muitas mulheres iam aos
cabarés para tentar a sorte entre outras tantas beldades. Nesse sentido, o Moulin era bastante movimentado, o que
resultava em um trabalho difícil para sua dona na “belle époque”, a Sra. Heatcliff, mais conhecida como Le mademoiselle. Heatcliff era de origem
inglesa e dominava com destreza as finanças que eram obtidas de modo
exorbitante pelo seu cabaré.
O
espaço era bastante aproveitado: cortinas vermelhas e roxas rodeavam o salão
central, onde se localizavam as mesas e as cadeiras dos clientes que se
deliciavam com as dançarinas (tendo o capital, é claro); o palco era feito de
madeira envernizada, com um brilho que só ficava abaixo do carisma das
“funcionárias”. Os outros aposentos eram quartos, banheiros e camarins que eram
constantemente invadidos de forma frustrada por pervertidos sem dinheiro.
As
noites do Moulin não eram
consideradas como crianças, e sim como adultas, pois nesse lugar não se admitia
inocência, muito menos em horas cruciais. Entre tantas protagonistas que
atuaram de forma espetacular nesse cabaré (como a diva consagrada Goulue), podemos destacar a trajetória
de uma das mais: Louise Carpeggianini.
Louise
nasceu no litoral oeste da Sicília, vinda de família abastada e controladora da
produção de azeite da região. Juntamente com o casal mal resolvido de seus pais,
Luce e Ricardo, Louise morava em uma mansão enorme, com empregados e
dependências para todos os cantos. Tal situação era motivo de inveja para os
habitantes que ficavam próximos ao latifúndio de seus pais, até que se
reverteu. Ricardo não tinha o mínimo interesse em Luce, muito menos no seu
fruto de impulso sexual, o que em proporções assustadoras, degradava as
relações entre eles. O chefe da família não suportou e “pulou a cerca” com uma
empregada, com a qual já havia desenvolvido um interesse maior. E para piorar a
situação, fugiu de sua família para a cidade natal de sua nova companheira, foi
para a Grécia, do outro lado do Egeu, deixando para trás o seu lucro, seus bens
e principalmente, a miséria para sua mulher e filha.
Após
o confiscamento de todas as posses do traidor, Luce e Louise mudaram-se para
Paris, simplesmente pelo fato do trem ir em direção à Paris e permanecer lá.
Louise não tinha muitas aptidões que significassem o seu salário, afinal,
sempre foi mimada e cercada de empregados para satisfazer suas vontades de
majestade, mas, por ser uma majestade, era belíssima.
Desde
os seus 12 anos, Louise arrancava suspiros dos maiores partidões da Sicília, e
só não perdeu a virgindade porque sua família planejava seu casamento. Quando
chegou a Paris, era claramente um alvo de estupros pelos bêbados e pervertidos
que rondavam as esquinas da cidade, por esse e diversos motivos que podem ser
considerados fúteis, Louise quase não saía daquela cabana no subúrbio. Vendo
que sua mãe adoecera em circunstâncias terminais, Louise perde o medo de se
“socializar” e parte para as ruas parisienses em busca de emprego, e uma das
primeiras coisas que fita é um cartaz desenhado à mão por Toulouse-Lautrec, que
informava sobre vagas no famoso e tão comentado Moulin Rouge.
Desinformada
como era, Louise não fazia a mínima ideia do que era o Moulin, mas mesmo assim, se informou sobre o endereço pelo cartaz e
partiu para o início de sua carreira.
Com
a porta escancarada, Louise adentrou o lugar e observou de forma minuciosa,
olhou as dançarinas, olhou para o palco, olhou para o cigarette gigantesco de Le mademoiselle
e não teve dúvidas: Moulin se
tratava de um cabaré. Antes que fosse embora de decepção, foi abordada na porta
por mademoiselle, a qual fez uma
análise corporal completa de Louise. Mademoiselle
não teve dúvidas, Louise era perfeita para a vaga.
Louise,
já com 22 anos, possuía os olhos castanhos bastante claros, que combinavam
perfeitamente com suas madeixas castanhas e onduladas. Dona de um corpo
perfeito: os seios arredondados e semelhantes aos melões que eram abundantes
nas feiras, com um quadril perfeito, somado aos glúteos de volume proporcional
ao seu volume corporal, uma verdadeira obra prima que superava as silhuetas de
Michelangelo! Era notável a inveja, mesclada com o interesse das demais
dançarinas, afinal, o Moulin não
recebia alguém assim desde os tempos de La
Môme.
Louise
não sabia se era sorte ou azar, mas faltavam poucos minutos para a noite cair,
o que significava a abertura do cabaré. Le
mademoiselle não se aguentou e, de modo improvisado, providenciou roupas e
maquiagem para Louise, o que parecia ser um teste! Pouco a pouco os clientes
iam se acomodando e estavam loucos para ver se havia chegado alguma “carne
nova”, e, sortudos como são, tiveram o que queriam.
Louise
era muito inteligente, e aprendeu a dança com poucos passos observados. Logo,
entrou no palco e arregalou os olhos dos clientes, que mais pareciam cães
deixando baba cair sobre um pedaço de carne. As horas em que Louise se
apresentou renderam de tal forma que mademoiselle
descartou o teste e resolveu autenticar sua nova funcionária.
Ainda
virgem, Louise não esperava tantos convites de tantos homens para conversar em
um dos quartos. Na verdade, Louise não tinha esse interesse, porém, era como
uma regra do cabaré, onde a dançarina deveria escolher pelo menos um cliente
que a convidasse para conversar de forma mais íntima. Ela não conseguia se
decidir! Para cada olhar que trocava, seu desejo aumentava, e queria cada vez
mais ter a sua primeira relação, afinal, estava quase despida, apenas com uma
saia curtíssima e um espartilho quase transparente. Os homens que desejavam
Louise não se atreviam atacá-la, pois sabiam que ela não era para o “bico” de
qualquer um.
De
maneira inesperada, Louise recebe um convite de um homem que nem ao menos
estava sentado em uma das cadeiras e nem ao menos havia assistido aos
espetáculos que já haviam cessado. Se fosse apenas por ela, Louise recusaria
assim como fizera com todos os outros, seja por insegurança ou falta de
interesse, porém, mademoiselle requisitou
e exigiu que Louise acompanhasse esse homem. Louise obedeceu.
Mesmo
sendo estranha e assustadora para qualquer mulher, essa situação parecia
conveniente para Louise. O homem era alto, forte e viril, com fortes tendências
a ser um verdadeiro deus em momentos assim. Chegando ao quarto a porta se
fechou. Mademoiselle se encontrava no
balcão fazendo sua contabilidade de sempre, enquanto as outras dançarinas
estavam no quarto ou no salão central ganhando um capital extra. Louise não
sabia o que fazer, afinal, estava de costas para o homem e doía muito. Algo
entrava em seu corpo e queria gritar com todas as suas forças, mas não gritaria
socorro... Em poucos minutos, seu corpo começou a sangrar, e claramente ela se
preocupou com o que acontecia, o homem dizia que estava tudo bem e que logo ia
passar a dor, pois ela se converteria em alívio. O tempo passava cada vez mais
devagar e Louise não aguentava mais, porém o homem continuava insistindo nisso,
até que chegou ao fim e o alívio veio de forma intensa.
Em
sua volta para casa, Louise estava muito exausta, foi direto para o banheiro,
abriu a torneira, e se limpou do sangue em suas costas após fazer uma tatuagem
autenticando sua vaga no Moulin.
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