domingo, 11 de janeiro de 2015

Da Janela (11/01/15)



Da Janela

            Percebe-se uma vontade incomum nas pessoas, de se levantarem em determinada hora durante a madrugada. Não podemos dizer o mesmo daqueles que viram as noites para garantir o seu sustento, ou apenas por pura vontade de ficar acordado. Entretanto, nota-se que quanto mais comum for a pessoa, mais ela é afetada por fenômenos que não aconteceriam com frequência.
            O momento do sono, para muitos é sagrado e, em hipótese alguma deve ser profanado. Quando acontece, a ira é uma das reações mais comuns em certos casos. Quem não passou por aquele momento de fúria quando o vizinho deixa o som do carro no volume mais alto, só para perturbar a paz? Enfim, felizardos aqueles que nunca passaram por isso.
            Mas acontece que existem interrupções que são simplesmente impossíveis de ignorar. Mais do que um som automotivo, o que dizer de algo que vem da própria mente? É estranho e perturbador pensar nisso. Em um primeiro momento, ter sensações estranhas vindas da própria mente parece estar limitada aos doentes mentais. Porém, até mesmo os doentes mentais são seres humanos, então todos nós estamos suscetíveis a isso.
            Pergunto-me o que são esses pesadelos que tenho. Ás vezes acordo no meio da madrugada, com pensamentos ruins acerca de outras pessoas devido a um sonho completamente mirabolante que tive. Não é o meu caso felizmente, mas imagine se alguém com menos equilíbrio decidisse dar fim à esses sonhos através de homicídios... Ou até mesmo suicídio. São possibilidades que permeiam a sociedade atual. O estresse constante, a fúria capitalista, o crescimento populacional exagerado... São coisas que poucas pessoas conseguem ignorar. Um pesadelo também entra nessa lista, apesar de ser algo muito pessoal.
            Acredito que existam maneiras de interferir nos sonhos alheios. É bastante comum encontrar pessoas durante o dia-a-dia, e logo depois, na noite seguinte, sonharmos com essa pessoa. Porém a parte intrigante disso tudo, é a releitura que o nosso cérebro faz sobre essa pessoa. Por que diabos eu pensaria nessa pessoa como o protagonista de um assassinato? Por que diabos essa pessoa morreria na minha frente? Por que ela não quer me amar?
            Ás vezes os sonhos são responsáveis pela maneira que vemos o mundo. Basta passar algum tempo isolado em seu quarto, ou qualquer lugar no qual você se sinta “seguro”. Inevitavelmente, o seu Eu torna-se o centro do universo, e cada vez mais as interferências do mundo externo passam a te incomodar. Basta um olhar pela janela, para tentar ter a garantia de que não há ninguém te observando, para que na mesma noite ela não o mate em seus pensamentos.

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