quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Branco Utópico (14/01/15)



Branco Utópico
           
Uma jovem donzela, de apenas doze anos de idade, caminhava sozinha e desalenta por uma rua deserta e sem vida no meio de uma madrugada incrivelmente acolhedora. Andando lentamente, suas pernas e braços tremiam muito, e sua mandíbula não parava de chacoalhar sua arcada dentária. O frio intenso fazia com que todas aquelas pessoas que tinham sua lareira se mantivessem confinados, como numa hibernação. A menina solitária não tinha família, muito menos um lugar para morar.
            Em pleno século XXI, as forças superiores poderiam muito bem recolher essa garotinha e deixá-la para conviver com outras crianças abandonadas, porém, a sua habilidade em fugir de situações assim era assustadoramente incrível. Os únicos momentos que tinha para brincar livremente eram as poucas horas que a madrugada oferecia. A rua que ela considerava como a casa dela possuía poucas casas, algo extremamente rural, uma parte da sociedade que preferiu a vida simples no meio de um lugar que apenas oferece uma vida movimentada e extremamente monótona. A garotinha não tinha nome, afinal, seu pai morreu antes de sua mãe, que por sua vez cometeu suicídio após alguns meses do início de sua vida. Porém, aqueles que a viam brincando entre a neve apelidaram-na como White, algo puramente branco e livre de interferência por outras cores.
            White, obviamente, não tinha amigos e muito menos alguém para lhe dizer o que fazer de sua vida. Sua vida se resumia em fugir e brincar de madrugada. A alimentação era proveniente de pequenos furtos diários e dependia da ação da natureza para tomar banho. Apesar disso tudo, White não era infeliz. Muitas crianças de sua idade poderiam ter caído no mundo dos vícios incontroláveis apenas pelo fato de estar perambulando pelas ruas. Entre tantos perigos oferecidos por um vasto mundo, White poderia ter sido pega como brinquedo sexual por algum pedófilo ou contribuinte para o mercado da prostituição, porém achá-la durante o dia era quase impossível.
            Talvez por causalidade ou algo parecido, White teria enfrentado algo que mudaria sua vida para todo o sempre, e ironicamente, isso aconteceu em um de seus furtos. Os passos rápidos e doloridos em seus pés traziam o suor após apanhar alguns pacotes de biscoito em uma mercearia qualquer. Seus olhos não paravam de verificar os lados, e as suas pernas não perdiam o movimento. Ela corria desesperadamente, na esperança de saciar a sua fome no final de uma tarde nublada e úmida.
            White escondeu-se em um container que servia como lixeira nos fundos de um restaurante cinco estrelas. Entre os restos de comida e os animais que por ali procuravam algo para se alimentar, White abriu as embalagens de biscoito e devorou cada um deles violentamente. Toda vez que roubava algo, por mais que fosse para se alimentar, White sentia algo além de remorso ou arrependimento, o que era incomum para alguém de sua idade. Cada biscoito ingerido fazia com que a sua face deixasse espaço para as lágrimas rolarem. Tomando cuidado para que ninguém a visse, White fechou a tampa do container, pondo-se a comer e a chorar baixinho, quase inaudível. O silêncio do lado de fora era preocupante. White esperava que alguém viesse despejar mais lixo naquele container, porém ninguém apareceu por horas. O silêncio era algo ensurdecedor para os seus instintos tão desconfiados do mundo exterior. Ela abriu a tampa do container após algumas horas de sono, saindo do recipiente com uma perna de cada vez. Ao virar, seu mundo transformou-se para sempre.

            Ela estava em um ambiente vazio, branco por todos os lados. Até mesmo o container atrás dela não estava mais lá. Caminhou alguns metros e não viu mudança alguma.  Começou a correr, porém nada parecia ter mantido sua forma no mundo que ela conhecia. Assim como a sua consciência, aquele lugar era a representação física do seu mundo através da sua percepção: um grande nada. O lugar não tinha paredes, não tinha limites, nem mesmo o solo puramente branco dividia aquele infinito monocromático.
            Até que White viu algo estranho ao longe. Andou lentamente na intenção de tentar identificá-lo. Na medida em que se aproximava, esse objeto não identificado aumentava de tamanho. Ao ficar de frente com o objeto, este possuía o seu tamanho, um pouco maior talvez. Ele mostrava uma dama muito bonita e elegante, branca como a neve. Apenas um espelho fazia companhia à jovem White naquela alva e solitária imensidão.
            Seu cabelo negro, antes sujo e embaraçado, agora estava liso e trançado. Suas roupas em trapos foram substituídas por um vestido de noiva, apesar de ser muito nova para isso. Calçava sapatinhos de camurça branca, e seu pescoço envolto por minúsculos colares de pérolas. Seus olhos verdes, antes avermelhados pelas lágrimas, estavam limpos e cheios de brilho. A jovem donzela estava magnífica, apesar de nada possuir sentido algum.
            Enquanto admirava-se, um grande tremor teve o seu início. O espelho quebrou-se em vários pedaços, enquanto White tentava se proteger das oscilações do solo, algo inútil. Fechou os seus olhos por alguns instantes, apesar de estar no epicentro do terremoto. Em alguns minutos o tremor teve o seu fim. Ao abrir os olhos, esperava que ainda estivesse cercada pelo branco. Enganara-se.
            A terra vermelha impregnava em suas mãos, a respiração das árvores ao seu redor trazia calmaria e serenidade. Os momentos de pânico há alguns minutos foram esquecidos por sua mente mais confusa ainda. Foi em direção a uma relva rasteira, descansando o seu corpo. Ouvem-se alguns passos ao longe. White fica inquieta e levanta-se, porém ainda se mantém sentada na relva. O vestido continuava branco e ainda refletia a luz fornecida pelas frestas das folhas. Os passos cessam, fazendo com que o coração de White acelere seus batimentos. O toque de uma mão calorosa interrompe o pânico repentino, seguido de uma voz grossa e angelical:

            -O que fazes aqui sentada nesta relva? Perguntou o homem com extremo desdém.
            White olhou o homem de cima a baixo, corando-se.
            -E-eu não sei...
            O homem pôs-se a rir. Logo depois tocou os ombros de White mais uma vez, ajeitando o colarinho do smoking preto.
            -Me chamo Black, prazer em conhecê-la.

            A dama se manteve perplexa por alguns segundos. O nome daquele homem marcava certo paradoxo, o qual White suspeitou ser mais do que mera coincidência. Suas conclusões, em todas as formas, sempre eram precipitadas, sendo que seus gestos atrapalhados apenas intensificavam a sua fisionomia totalmente desnorteada.
            Black segurou uma das mãos de White, levantando-a em um ato cavalheiresco e encantador. Ele observou a face de White por alguns instantes, e após alguns olhares indiretos e suspeitos, Black disse como alguém que acaba de fazer uma grande descoberta:

            -Princesa!
            -C-como? Disse White incrédula e sarcástica.
            -Não acredito... A princesa White, aqui, nessa mata tão escondida do vilarejo!
            -Olha moç...

White foi interrompida pelo atônito Black, o qual segurou o seu pulso esquerdo levando-a para algum lugar.

-Vamos princesa! Não percamos tempo!

Após alguns passos rápidos, outros bem corridos, Black e White chegaram a um córrego que fluía em direção ao vilarejo.

-Venha princesa, precisa lavar suas mãos.
-Está bem, mas...
-Sem “mas”! Apenas lave suas mãos...

White não tinha a mínima ideia do que dizer diante de tal situação, então deixou que as coisas corressem livremente pelo destino. Ambos caminharam cerca de quinhentos metros através de um atalho e logo chegaram ao vilarejo. As pessoas carregavam baldes d’água, vendiam, cambiavam e vigiavam seus filhos que brincavam em meio ao pouco movimento de um pequeno núcleo urbano.
Assim que deu o primeiro passo no vilarejo, as pessoas pararam todas as suas obrigações e logo foram cumprimentar a jovem dama. Alguns reverenciavam, outros apertavam as mãos umedecidas de White.

-Princesa! Pensávamos que tinha desaparecido após aquele incidente...
-Que bom que está viva, majestade!
-Salve a princesa White!

Ela apenas agradecia e acenava, porém não entendia nada daquilo. Para ela, todas aquelas coisas não passavam de mais um sonho, porém as mãos aquecidas de Black eram tão reais. Atravessou o pequeno vilarejo em meio ao tumulto que a população fazia em prol do seu suposto retorno.
O castelo ficava a alguns metros da última casa do vilarejo. As torres altas e imponentes simbolizavam o poder absoluto de um ser que residia dentro daquele palácio. Os portais de madeira não eram fechados, pelo contrário, o castelo inteiro era aberto ao público. Ao entrar, White ficou encantada com os jardins e com as árvores podadas. As serviçais carregavam bandejas e roupas para todos os lados, enquanto os homens poliam as estátuas e pinturas e cuidavam dos animais domesticados pelo rei.
A sala do trono era o único lugar do castelo que necessitava de permissão para garantir o acesso, porém como White era a princesa, não precisaria de permissão. O grande mistério era a posição de Black frente ao monarca.
As portas se abrem lentamente. O perfume que exalava daquela sala gigantesca era inconfundível. O aroma era semelhante ao dos biscoitos que comera antes de parar naquele mundo, o que era totalmente estranho para White.
Um homem trajado com uma roupa nada discreta, porém imponente. Possuía uma barba branca espessa, lisa e não muito longa. Seus pés sustentavam o volume exagerado de sua barriga, mas ainda conseguia manter-se em pé. Andou o mais rápido que pode em direção a White.

-Minha filha!
-Então você é o rei...?
-Você não sabe o quanto eu sofri por sua causa! Sabe como foi difícil passar todos esses momentos aqui, pensando no que poderia ter acontecido com você? A sorte é que existem pessoas como Black!
-Ah... Entendo... Disse White sem entender absolutamente nada.
-Meu caro Black, como prometido, eu concedo a mão de minha filha a ti!

Ambos congelaram após as palavras do rei. White girou o seu pescoço, de modo a olhar diretamente para a face desconcertada de Black.

-Vocês só podem estar brincando com a minha cara...
-Como eu poderia estar brincando com uma coisa dessas minha filha! Você deve muito a quem te salvou, essa é a verdade, não é justo que se case com o teu herói?
-Olhe majestade, eu nem sei o que estou fazendo aqui, nem sei que tipo de mundo é esse! Como eu poderia casar assim, tão de repente?
-Não é óbvio que esteja na terra? Ou por acaso tenha deixado de estudar as teorias de Copérnico?
-Essa é a terra? Então tudo isso não passa de uma peça de teatro! Vou embora...
-Felizmente isso não é possível. Disse Black com um tom desdenhoso, como de costume.
-Está me dizendo que essa é a realidade...?
-Creio que sim.
-Mas que droga!
-Princesa! Melhore seu linguajar, por favor!
-E você? Qual é o teu nome? Vai me dizer que é nome de cor também...

O rei deu alguns passos para trás, espantado com a atitude inesperada de White.

-Como se atreve a esquecer do nome do seu pai, menina!
-Não é atrevimento majestade, é simplesmente o fato de que eu não sei de absolutamente nada desse lugar!

O rei pigarreou, como alguém que está prestes a iniciar um discurso:

-Esteja honrada em conhecer o monarca das colinas de Carlilie, Sir. Blue! Mais conhecido como Blue, o Grande!

White observou a pose do rei pomposo por alguns segundos.

-Mais essa... Primeiro um homem bonitão vestido com um smoking super-descolado, agora um velhote pançudo com nome de cor também...
-Ora princesa, quanta insolência!
-Bem, como faço para sair desse lugar bizarro?
-Não tem como fugir da realidade assim princesa. Disse Black, pondo-se a rir.

White deu as costas para ambos, de modo a sair da sala do trono.

-Você não deveria ter dito isso, Sr. Black.
-P-perdão majestade! Disse Black curvando-se.

A jovem observou o lugar por alguns minutos. Subiu as escadarias que levavam ao mirante do castelo. Observara todas as árvores que se estendiam pelo horizonte, viu todas as pessoas que estavam ao alcance de sua visão. A vida simples do campo, mesclada ao luxo de um monopólio político.
White conhecia muitas histórias de reis através dos livretos que encontrava nas lixeiras. Autodidata, White aprendeu a ler e a escrever, algo incomum entre moradores de rua. Uma dama, normalmente uma princesa, sempre aparecia como protagonista das histórias que lia.
Olhou para si, dos pés à barriga. Logo depois inspirou o ar puro que vagava entre os ventos fortes e carinhosos. Seu cabelo foi solto da fita que o trançava, fazendo com que acompanhasse o ritmo aleatório dos ventos.
O vestido branco, a pele limpa e bem cuidada, um homem prometido, um rei, um vilarejo e uma utopia individual. Sim, White estava em um conto de fadas.
A noite batia à porta e logo o jantar seria servido. O rei Blue convidara Black para jantar, enquanto White não queria saber de conversa. As serviçais traziam as bandejas prateadas, distribuindo-as na mesa retangular e estreita. Blue estava em uma ponta, enquanto White estava em outra ponta. Black estava no meio da mesa, observando o rosto impaciente da jovem dama.

-Princesa White... Disse Black muito apreensivo.
-Sim? Respondeu rapidamente e na mesma impaciência.
-A comida está ótima, por que não come um pouco?

White iria recusar, porém, nunca vira tanta comida reunida em um só lugar. Não resistiu.

-Hohohoho... Como sempre minha filha está sempre enérgica! Hohohoho...

A princesa aproveitou cada pedaço de carne e cada grão de arroz, estava satisfeita! As camas estavam preparadas e logo seria a hora de dormir.
O cotidiano do rei era mais o monótono entre os habitantes do vilarejo de Carlilie. Sua vida era resumida em sentar-se no trono e ouvir reclamações de camponeses, e, ás vezes, discutir sobre posse de terras com outros monarcas ou senhores feudais, algo que sempre saía com vantagem. O rei era abastado em posses, exceto em amor. Sua esposa, Purple, morreu com a peste negra antes de Blue se tornar um monarca. Todas as batalhas que Blue enfrentou tinham como objetivo a felicidade de sua esposa, porém, após a morte da mesma, o monarca decidiu nunca entregar o seu coração para outra mulher. Não praticou mais a arte da esgrima, limitando-se a sentar, negociar, comer e dormir.
Na mesma noite, Black fora convidado a dormir no castelo, porém em outra torre. White dormiu em um dos aposentos mais luxuosos do castelo, o segundo após o quarto do rei. White não conseguiu dormir naquela noite.
A vida de White nunca fora tão perfeita, ao mesmo tempo em que nunca fora tão confusa e sem sentido. O cotidiano de furtos e fugas não tinha relação alguma com a suposta realidade em que se encontrava. As pessoas que fugiam do seu rosto, agora veneravam a sua benevolência escondida. Levantou-se da cama coberta pela seda, e logo depois abriu as janelas, afastando as cortinas.
Cruzou os braços, de modo a esfregá-los para não sentir frio. O vento estava calmo agora, e as luzes do vilarejo eram mantidas pelos lampiões e pelas fogueiras que promoviam as rodas de dança e de folia. Aquele mundo tão simples, que parecia ter sido tirado de uma obra literária desconhecida. As pessoas receptivas, calorosas e felizes, por mais que fossem ingênuas. Não era uma sociedade tão organizada quanto à sociedade moderna, mas com certeza era algo perfeito para quem busca um descanso da exclusão.
White fechou as janelas, um pouco sonolenta. Calçou os sapatinhos e desceu as escadas do castelo, sem ser percebida. Não queria fugir, e sim contemplar mais de perto aquela gente tão alegre e viva. O frio das madrugadas em que passava nas ruas da cidade grande foi esquecido enquanto se aproximava da fogueira. As pessoas, por mais que estivessem perto da princesa não agiam com submissão, pelo contrário, acolhiam-na com seus passos de dança. A princesa se entregou aos movimentos cadenciados e harmônicos, deixando a festa mais completa ainda.
Black, que já estava por lá, aproximou-se um pouco mais e viu a princesa dançando alegremente. Sorrateiramente, Black apanhou a mão de White e a convidou para dançar com ele. Black possuía uma maturidade louvável, não havia passado por sua mente manter algum tipo de relação conjugal com a princesa, mesmo merecendo a mão da jovem dama. Ele sabia muito bem que tinha idade para ser pai de White.
Após algumas horas de dança e bebida, Black e White sentaram-se numa relva rasteira em frente ao castelo. As estrelas estavam magníficas, decorando o céu iluminado pela claridade da lua cheia.

-Todos nós estamos muito felizes de ter você aqui, princesa!
-Agradeço por isso Black... Nunca pensei que seria tão querida na minha vida.
-Tenha certeza de que você é importante para muita gente White!

Ambos continuaram a observar a lua, sem se importar com o dia que viria. White caiu no sono, enquanto Black se admirava com a pureza da donzela. Carregou-a no colo enquanto caminhava em direção ao castelo. Algo tão lindo e tão conveniente para uma realidade tão perfeita, algo que nunca deveria acabar.
Black sorria, como um verdadeiro pai.
Um conto de fadas não precisa ter um príncipe para ser um conto de fadas, apenas alguém que ocupe o lugar vazio no coração da princesa. White não conseguia se lembrar dos carinhos da mãe, muito menos da presença de um pai, então conseguiu sentir algo semelhante ao ser carregada por Black.
Como um dente-de-leão sua pele começou a se desfazer com o vento. Seus olhinhos sonolentos abriam lentamente enquanto desaparecia nos braços de Black. Suas mãos frias tocavam o rosto do homem, agora desnorteado. Tentava descobrir o porquê de White estar desaparecendo em seus braços.

-Parece que é hora de dizer adeus, Black...
-Não diga besteiras princesa!

Algo chamava White, ela não podia ficar mais naquela realidade tão subjetiva. Tudo o que queria estava ali, porém, nada daquilo era real. Por mais que a sua realidade fosse dura e cruel, era a verdade e o sentido que sua vida tomara até ali. Era o que explicava as suas lágrimas antes de desaparecer completamente daquele mundo.

“Não me esquecerei de você, papai Black”.

            Suas últimas palavras deram um rumo definitivo para a tristeza de Black, deixando-o ali, imóvel e totalmente inativo, frente ao castelo imponente.
            White acordou em meio ao lixo, num lugar escuro e amedrontador. Ela estava com uma coisa na mão direita, uma embalagem de algo que não sabia identificar por causa da pouca claridade. Não estava mais com o vestido branco e muito menos com o cabelo liso e trançado. Ergueu o braço para encontrar alguma saída, levantando uma espécie de tampa.
Ela estava dentro de uma caixa, ou melhor, de um container. Ao pisar no chão de um beco, identificou a embalagem do biscoito que furtara. Os trapos que a vestiam eram umedecidos pelos flocos de neve que caíam lentamente.



Por: Anderson Vieira do Nascimento

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