Atitude
Durante considerável tempo observando o céu de Brasília, que por sinal merece nosso orgulho, percebi que facilmente a nossa atenção é desviada para outras pontos de vista. Seja esse ponto a meninada brincando na rua ou uma moça bem atraente virando a esquina. Mas poucas vezes em nossos momentos de ociosidade prestamos atenção integral em determinado assunto, objeto ou simplesmente o tempo.
Entretanto, é bastante comum estarmos totalmente concentrados em algo quando estamos decididos a alcançá-lo. Isso se aplica a qualquer ser desse planeta. Os leões quando procuram por suas presas, caçam com agilidade e astúcia, não abandonando o lado selvagem e brutal. Porém isso não deixa de ser determinação. Para nós seres humanos, apenas quando estamos de frente com o elemento que nos leva ao objetivo principal, é o momento em que começamos a desistir.
Imagine um garoto que está perdidamente apaixonado por alguma garota, e com apenas algumas palavras esse garoto conseguiu marcar um encontro com sua amada, timidamente mas conseguiu. Ele se prepara da melhor maneira possível, pelo menos fisicamente. A garota por sua vez não está tão ansiosa, entretanto ela espera ver o que o garoto irá fazer quando estiver de frente para ela.
O garoto atravessa a cidade inteira, passando por becos e lugares bem perigosos. No caminho ele acaba sendo assaltado e toda aquela grana que ele havia juntado para gastar com a garota foi levada. Mas quem disse que ele entrou em desespero? Continuou o seu caminho, firme e forte. Logo o tempo se fecha, as nuvens começam a sombrear a cidade em caos e logo os primeiros pingos de chuva começam a aparecer. Alguns segundos depois a chuva inicia o castigo.
Preocupado com a longa espera da garota, o nosso jovem resolve esperar em um beco, formado pelo espaço entre dois edifícios de moradias. Após muitos minutos, o garoto resolve explorar o lugar. Encontra restos de bebidas, bitucas de cigarro e até camisinhas usadas. Logo no fim do corredor há uma lixeira, daquelas que mais parecem containers, para uso coletivo. Ele vê que a chuva começa a parar.
O garoto poderia ter retomado o caminho para a casa da garota, porém ele preferiu matar a curiosidade e abrir a lixeira. O cheiro é insuportável, mas parece que não vêm de chorume, e sim de algo humano. O garoto se deparou com uma cabeça decapitada.
Ele pegou a cabeça pelos cabelos crespos, e de cara percebeu que era de algum mendigo. Ele se perguntava, "Por que alguém faria isso?". Bom, casos como esses são cada vez mais comuns por aqui, porém ele poderia ter evitado essa cena e simplesmente ter continuado o seu caminho. Mas não, ele preferiu a cabeça fora do corpo. Algumas horas depois, o mesmo garoto estava na delegacia local prestando depoimentos.
Quando estamos com alguma projeção, apenas ela deveria ser considerada, levando em conta também os auxílios. O garoto poderia sim ter esperado a chuva passar, e também poderia ter matado a sua curiosidade. Ele perdeu tempo assim que a chuva, o seu obstáculo do momento, havia cessado.
É claro que prever as falhas não é tarefa fácil, mas não é difícil saber quando se está prestes a jogar tudo fora.
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