Papel de bala abaixo
das solas
Fumaça acima das
cabeças
Os passos rápidos que
vagarosamente progridem
Impedem o avanço
daqueles que não têm para onde ir
Eles interrompem a sua
caminhada
Apenas para observar o
ambiente que não os percebe
O ambiente os repudia
Lança em seu semblante
a remela diurna
O piscar não deixa
dúvidas
A vontade de levar os
dedos até eles é imensa
Mas eles não podem
parar
A cidade não pára, os
passos prosseguem
A indiferença também
Cada vez mais rápida e
apressada
Até eles alcançarem
Eles são recebidos
Sentam
Observam
Respondem
Suam
Alguém com as mãos
abaixo do queixo
Que questiona
Instiga
Estimula
Oprime
E rejeita
Eles saem, cabisbaixos,
desanimados
São umedecidos por
fora
Posteriormente, de
dentro para fora
As gotas caem
lentamente sobre a pele sem com, melanina
Os dedos vão até eles
E então eles descansam
Desesperados.
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