O
microfone, perigosamente umedecido, é apenas uma ferramenta para
expressar a euforia de executar aqueles acordes difíceis, riffs
velozes e catalisadores para a
agressividade daquilo que chamamos de música extrema. O conteúdo
lírico das composições normalmente é padrão para esse tipo de
som, o que não é interpretado de forma negativa por aqueles que
gostam do estilo, afinal é o que deixa a marca, é o que passa o
sentimento daqueles que sentem prazer ao ouvir e “bater cabeça”
ao mesmo tempo. Imagine todo o momento como uma grande máquina em
funcionamento: o propósito da máquina é produzir som alto,
estimulante e indispensavelmente agressivo. Os speakers da
máquina seriam representados pela figura do vocalista. Os braços
mecânicos e as engrenagens, que produzem som durante o atrito e
trabalham em perfeita sincronia seriam as guitarras. A graxa e o
óleo, responsáveis por fazer o atrito das engrenagens mais rápido
e mais suave, apesar da agressividade dos movimentos, seria
representados pelo baixo. O motor, dependente das engenagens e
necessário às mesmas, trabalhando em conjunto para manter a máquina
funcionando a todo vapor, seria a bateria, incansável.
Entre
uma música e outra, há um sentimento
bastante confuso, pois há uma mistura de felicidade por ter acabado
de escutar a música querida com a tristeza pelo mesmo motivo, o que
é imediatamente substituído pela felicidade no início de mais uma
música e que logo se torna confuso por definitivo quando a
apresentação acaba.
Normalmente
as apresentações acontecem à noite e em lugares fechados, mais
pela temática noturna do que pela acústica, o que caracteriza bem o
cenário que aprendemos a chamar de underground.
Todos os que assistem às apresentações querem escutar uma boa
música, fazer parte do momento, curtir algumas horas com os amigos e
logo depois voltarem às suas vidas.
O
jeito violento de expressar paixão pela música pode ser
incompreendido por pessoas fora desse contexto, mas a ideia por trás
de um famigerado moshpit,
é comparável ao que os espectadores de uma orquestra sinfônica
manifestam ao ouvir as peças clássicas. O fato de ser diferente não
torna a música moderna, mas torna-se adequada para aqueles que
procuram algum jeito de relacionar os sentimentos mais profundos com
algo que reúna várias pessoas, o que é completamente contrário à
noção de solidão dos ouvintes.
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